Mauro Cid afirmou nesta 2ª feira (9.jun.25) que recebeu dinheiro entregue por Braga Netto dentro de uma sacola de vinho.
O valor teria como destino o major Rafael de Oliveira, integrante do grupo de elite do Exército conhecido como "kids pretos".
Cid foi interrogado pelo ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF).
Ele é o primeiro réu a depor na fase de instruções da ação penal sobre a tentativa de golpe de Estado.
Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Cid também é delator no inquérito conduzido pela Polícia Federal.
Segundo ele, não sabia a origem do dinheiro nem o valor exato reado.
A suspeita é que o montante teria sido usado para apoiar manifestações em frente a quartéis. "Provavelmente era o pessoal do agronegócio ajudando a manter os acampamentos", disse.
Cid relatou que Braga Netto levava informações sobre a movimentação dos apoiadores nos quartéis.
Ele afirmou que não mantinha contato com organizadores ou financiadores dos protestos. "Quem trazia as atualizações era o general Braga Netto", declarou.
Cid disse desconhecer os contatos que o general mantinha para obter essas informações.
Braga Netto foi candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022.
Ele está preso desde dezembro por suspeita de obstrução da investigação.
A acusação inclui tentativa de ar dados sigilosos da delação de Cid.
DEFESA QUESTIONA OMISSÃO EM DELAÇÃO INICIAL
Durante o interrogatório, a defesa de Braga Netto questionou Cid por não relatar o caso antes.
O militar respondeu que, no contexto da época, não viu a entrega do dinheiro como algo ilegal. "Naquele momento, achei que era ajuda para os acampamentos. Não vi como hipótese criminal", disse.
Cid afirmou que só percebeu o possível uso irregular do dinheiro após o avanço das investigações. "Normal não seria, mas ali no contexto da manifestação, parecia algo corriqueiro", completou.
O depoimento de Mauro Cid deve continuar até as 20h.
MAIS RÉUS SERÃO INTERROGADOS ATÉ SEXTA-FEIRA
O ministro Alexandre de Moraes interrogará oito réus até o fim da semana.
Todos são acusados de participar do chamado “núcleo crucial” da tentativa de golpe.
Veja a ordem dos depoimentos definidos pelo STF:
- Mauro Cid (delator e ex-ajudante de ordens de Bolsonaro)
- Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin)
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha)
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça)
- Augusto Heleno (ex-ministro do GSI)
- Jair Bolsonaro (ex-presidente da República)
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa)
- Walter Braga Netto (general e ex-ministro de Bolsonaro)
- As oitivas ocorrem presencialmente na Primeira Turma do STF.
Braga Netto deve participar por videoconferência, por estar preso no Rio de Janeiro.