Alexandre Ramagem negou ter usado a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionar autoridades do Judiciário.
O ex-diretor da agência foi ouvido nesta 2ª feira (9.jun.25) pelo ministro Alexandre de Moraes.
Ele é réu em ação penal que investiga a tentativa de golpe de Estado em 2022.
Atualmente deputado federal (PL-RJ), Ramagem é acusado de monitorar ministros do STF e TSE.
Durante o interrogatório, ele negou ter autorizado qualquer tipo de espionagem ilegal. “Nunca utilizei monitoramento algum pela Abin de qualquer autoridade”, afirmou.
Ramagem também declarou que a agência não gerenciava sistemas de vigilância naquele período.
Sobre o programa FirstMile, disse que seu uso na Abin foi encerrado em 2021.
Ele afirmou que a acusação se baseia em um erro factual da Polícia Federal. “É mais uma indução a erro do juízo pela Polícia Federal”, disse o parlamentar.
Segundo ele, o relatório o liga de forma injusta à suposta tentativa de golpe.
Ramagem também negou ter alimentado Jair Bolsonaro com textos para atacar o sistema eleitoral.
Ele disse que produzia textos de forma privada, sem vínculo com lives ou ações oficiais. “Eram reflexões pessoais, não materiais para alimentar narrativas”, completou.
CID CONFIRMOU CONHECIMENTO DE BOLSONARO SOBRE A MINUTA DO GOLPE
Mais cedo, Mauro Cid prestou depoimento na mesma ação penal.
O tenente-coronel afirmou que Bolsonaro tinha conhecimento da minuta do golpe.
O documento previa medidas para reverter o resultado da eleição presidencial.
INTERROGATÓRIOS SEGUEM ATÉ SEXTA NO SUPREMO
Alexandre de Moraes conduz os interrogatórios dos oito réus do núcleo central da trama.
Eles são acusados de tentar impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva em 2023.
Veja a ordem dos depoimentos estabelecida pelo STF:
- Mauro Cid (ex-ajudante de ordens e delator) – concluído;
- Alexandre Ramagem (ex-diretor da Abin) – em andamento;
- Almir Garnier (ex-comandante da Marinha);
- Anderson Torres (ex-ministro da Justiça);
- Augusto Heleno (ex-ministro do GSI);
- Jair Bolsonaro (ex-presidente da República);
- Paulo Sérgio Nogueira (ex-ministro da Defesa);
- Walter Braga Netto (general e ex-ministro).
As oitivas ocorrem presencialmente na Primeira Turma do STF.
Apenas Braga Netto será ouvido por videoconferência, por estar preso no Rio.