26 de maio de 2025
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CRISE

Moro anuncia demissão e diz que Bolsonaro fará trocas política na PF

Veja a transcrição das principais falas do ministro da Justiça e Segurança Pública em seu anúncio de saída nessa 6ªfeira

“Sempre tivemos preocupação com intervenção do Executivo nas investigações. Na época da Lava Jato foi garantida autonomia. Mesmo com todos os problemas do governo [PT]", essa é declaração do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro ao anunciar sua saída do cargo, nessa 6ªfeira (24.abril), após a demissão do diretor da Polícia Federal Maurício Valeixo, publicada no Diário Oficial de hoje, mas que não tem validade, pois segundo Moro, ele não assinou o documento.  Moro emendou anunciando que entregará sua carta de demissão, após o presidente Jair Bolsonaro tentar interferência política na Polícia Federal (PF). 

O ministro disse ainda que Bolsonaro chegou a confirmar que era mesmo uma intervenção política. Segundo Moro, Bolsonaro tinha preocupações com investigações contra ele no Supremo Tribunal Federal, e a troca na PF poderia ajudar a parar essas ações em curso.  "O presidente me disse que teria ser uma pessoa do contato pessoal dele, que ele pudesse ligar, colher relatórios.... Imagina se durante a Lava Jato, a Dilma ou o ex-presidente Luiz, ficasse ligando para Curitiba?", questionou Moro. 

O ministro voltou ao ado, e desmentiu boatos de que ele teria aceitado o cargo no ministério com a condição de ele ser levado ao STF. "Pedi que minha família não ficasse desamparada, foi a única condição", disse.  

Para Moro, o grande problema é que Bolsonaro não tem um motivo para trocas. "O grande problema não é quem entra, é porque alguém entra?", alertou. 

Ele ainda disse que o desejo do presidente da república era fazer substituições na PF em estados. "O problema é que não é só troca do diretor-geral. O presidente disse que faria outras substituições de superintendentes no Rio de Janeiro e Pernambuco, sem causas, sem razão para essas trocas", explicou.  

O ainda ministro, revelou que o independente das consequências, seu lema sempre será: “Faça a coisa certa sempre”, foi sempre nossa frase de ordem, o mote do Ministério da Segurança", ressaltou.  

Sérgio Moro ainda lembrou que quando aceitou o cargo no ministério o presidente havia dado carta-branca para que ele escolhesse seu time. ""Final de 2018 recebi convite do Jair Bolsonaro para ser ministro da Justiça e Segurança Pública, em 1º de novembro, foi me prometido carta branca para nomear assessores inclusive desses órgãos, Polícia Federal. Na ocasião, foi divulgado equivocadamente pelas pessoas que eu queria o cargo no Supremo Tribunal Federal", disse.  

Durante o seu pronunciamento, o ministro explicou que o problema não era a troca de Valeixo, e sim o porquê queriam trocar. "Não é uma questão do nome, tem outros bons nomes. O grande problema de realizar essa troca é que haveria uma quebra da promessa que me foi feita. E ficaria claro que é uma interferência política.  Não aconteceu isso durante a Lava Jato", reforçou.  

O trecho em que Bolsonaro confirmou ser um interferência política: "Ontem, houve a insistência, e eu disse para o presidente que seria um interferência política, ele disse, que seria mesmo".  

O trecho em que Bolsonaro confirma que tem preocupações com inquéritos em curso no STF: "O presidente também me informou que tinha preocupação com inquéritos em curso no STF e que a troca seria oportuno da PF por isso... É algo que gera uma grande preocupação", opinou Moro.  

Em tom despedida, Moro disse que a única alternativa, para seguir sua biografia seria a sua saída. "Até busquei uma solução alternativa, mas entendi que não podia deixar de lado meu compromisso com estado de direito. A exoneração, eu fiquei sabendo pela Diário Oficial da União, não assinei esse documento, fiquei sabendo pelo documento. Achei que isso foi ofensivo e não é verdadeiro que me pediram.  Para mim isso é uma sinalização que o presidente me quer fora do cargo. Eu não posso concordar. Agradeço ao presidente da República, tínhamos um compromisso, fui fiel a esse compromisso... Vou começar a empacotar minhas coisas e vou encaminhar minha carta de demissão, não tenho condições de continuar. Espero que independente da minha saída, seja indicado alguém que possa fazer um trabalho autônomo e independente, alguém que não concorde com trocas... Agora vou procurar um emprego. Independentemente de onde eu esteja, eu sempre vou estar à disposição do país. Sempre respeitando o mandamento “fazer a coisa certa sempre”", finalizou.