O ex-comandante da Aeronáutica, tenente-brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior, presta depoimento nesta 4ª feira (21.mai.25) à Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF). O militar, que chefiou a Força Aérea durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), será ouvido no âmbito da ação penal que investiga uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A oitiva está marcada para as 11h30 e será realizada por videoconferência, conforme os trâmites estabelecidos pelo Supremo. Inicialmente, o depoimento ocorreria na 2ª feira (19.mai.25), mas foi adiado após solicitação do próprio Baptista Júnior, que alegou estar em viagem internacional.
O tenente-brigadeiro foi arrolado como testemunha de acusação pela Procuradoria-Geral da República (PGR), mas também figura como testemunha de defesa do ex-presidente Bolsonaro e dos ex-comandantes das Forças Armadas Almir Garnier (Marinha) e Paulo Sérgio Nogueira (Exército).
Durante a fase de inquérito conduzida pela Polícia Federal, Baptista Júnior itiu ter participado de reuniões em que foram discutidas propostas antidemocráticas, como a chamada “minuta do golpe”. Segundo seu relato anterior, ele teria se posicionado contrariamente às ideias debatidas nesses encontros. A mesma posição foi atribuída ao general Marco Antônio Freire Gomes, então comandante do Exército.
Após rejeitar qualquer adesão a um plano de ruptura institucional, Baptista Júnior afirmou ter sido alvo de ataques virtuais por apoiadores do ex-presidente.
AVANÇOS NAS AUDIÊNCIAS
O depoimento de Baptista Júnior integra uma série de oitivas conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal com testemunhas ligadas ao núcleo central de articulação golpista. As audiências começaram na 2ª feira (19.mai.25) e estão sendo realizadas por videoconferência.
Entre os já ouvidos pela Corte estão:
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Éder Lindsay Magalhães Balbino, empresário citado por colaborar na elaboração de um falso dossiê sobre suposta fraude nas urnas eletrônicas;
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Clebson Ferreira de Paula Vieira, analista de inteligência do Ministério da Justiça, que teria produzido um levantamento estatístico sobre padrões de votação no primeiro turno das eleições de 2022;
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Adiel Pereira Alcântara, ex-coordenador de inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), apontado como responsável por ações que dificultaram o deslocamento de eleitores no segundo turno;
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Marco Antônio Freire Gomes, ex-comandante do Exército, que, segundo as investigações, também teria sido alvo de pressões para apoiar uma tentativa de ruptura institucional.
As audiências buscam reunir elementos para instruir o processo penal em andamento no STF, que examina a responsabilidade de civis e militares na tentativa de subversão da ordem democrática após o resultado das eleições presidenciais de 2022.