10 de junho de 2025
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JULGAMENTO DO GOLPE

"Com fraude na urna, a situação mudaria", revela Mauro Cid

Cid é ex-ajudante de ordens de Bolsonaro

O tenente-coronel Mauro Cid afirmou que Jair Bolsonaro (PL) contava com uma fraude nas urnas para convencer os militares a apoiar um golpe.

A declaração foi feita nesta 2ª feira (9.jun.25), durante interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF).

Cid é ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e delator no inquérito da tentativa de golpe.

Ele foi o primeiro réu do chamado “núcleo crucial” a ser ouvido pelo ministro Alexandre de Moraes.

Segundo Cid, a ideia era usar uma suposta fraude como justificativa para uma intervenção militar.

O objetivo seria impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva após a eleição de 2022.

De acordo com ele, Bolsonaro e o general Braga Netto esperavam encontrar alguma irregularidade nas urnas eletrônicas.

Com isso, buscavam convencer os comandantes das Forças Armadas a aderirem à ruptura institucional.

Cid disse que o então presidente pressionava o general Paulo Sérgio Nogueira a questionar o sistema eletrônico.

Nogueira era ministro da Defesa e chefiava a participação das Forças Armadas na comissão de transparência eleitoral.

Essa comissão foi criada pelo próprio TSE para acompanhar o processo eleitoral.

Em 2022, Nogueira enviou um relatório ao tribunal alegando que não era possível garantir total segurança das urnas.

Para Cid, esse posicionamento fazia parte da estratégia para alimentar desconfiança sobre as eleições. “O que a gente sempre viu era uma busca por encontrar fraude na urna”, disse ele.

Segundo o militar, a expectativa de Bolsonaro era que a denúncia de fraude mudasse o rumo da política. “Com a fraude, poderia convencer os militares dizendo que a eleição foi fraudada”, declarou.

O depoimento foi interrompido por volta das 16h45 para um breve intervalo.

A previsão é que os trabalhos se estendam até as 20h desta segunda-feira.

INTERROGATÓRIOS SEGUEM ATÉ SEXTA-FEIRA

O interrogatório de Cid abre a semana de depoimentos no STF sobre a tentativa de golpe.

O ministro Alexandre de Moraes deve ouvir até sexta-feira (13) oito réus do “núcleo crucial” da suposta trama golpista.

Os depoimentos seguem a seguinte ordem:

As oitivas são conduzidas presencialmente na Primeira Turma do STF.

Apenas Braga Netto, preso no Rio de Janeiro, será ouvido por videoconferência.