12 de junho de 2025
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I DO TRANSPORTE PÚBLICO

Consórcio alega prejuízo de R$ 5 milhões em 2023 e culpa asfalto ruim

População já denunciou mais de 600 falhas no serviço

A Comissão Parlamentar de Inquérito (I) do Transporte Público de Campo Grande cobrou explicações sobre a gestão financeira do Consórcio Guaicurus após o diretor de Operações, Paulo Vitor Brito de Oliveira, afirmar que a empresa fechou 2023 com prejuízo de quase R$ 5 milhões, em contraste com o lucro de R$ 600 mil registrado no ano anterior.

O dado foi apresentado durante a audiência desta 2ª feira (10.jun.25), na Câmara Municipal, na terceira fase da investigação sobre os problemas no sistema de transporte coletivo da Capital. A relatora da I, vereadora Ana Portela (PL), exigiu a apresentação do fluxo de caixa atualizado do consórcio. Paulo, por sua vez, disse que foi entregue apenas o documento apresentado na licitação e se comprometeu a entregar os dados reais de entradas e saídas.

Apesar da alegação de prejuízo, a queda no número de ageiros foi considerada modesta. Em 2022, foram R$ 30,5 milhões pagos, além de R$ 11 milhões em gratuidades. Já em 2023, os números caíram para R$ 29,5 milhões pagos e R$ 12 milhões em gratuidades. Ou seja, a variação na arrecadação não explica, por si só, a diferença expressiva no resultado final.

O diretor do Consórcio atribuiu parte das dificuldades operacionais à má conservação das vias públicas. “Hoje há dificuldade com o asfalto. Quando um ônibus a em um buraco, provoca uma torsão. Isso faz com que o elevador pare de funcionar, pois os ajustes são milimétricos. Essa é uma das causas. Todo elevador quando sai da garagem, sai funcionando. O motorista tem que fazer um checklist”, afirmou.

Ainda segundo Paulo Vitor, o consórcio opera com 417 veículos em dias úteis, circulando a uma velocidade média de 17 km/h. Aos fins de semana, cerca de 60% da frota permanece em circulação. Ele também declarou que “cumprimos todas as ordens de serviço emanadas pelo Poder Público”, ao ser questionado sobre itinerários e frota reduzida.

Além das dúvidas financeiras, a I já recebeu 602 denúncias da população até 9 de junho. Os relatos envolvem má conservação da frota, atrasos frequentes e superlotação, apontando um cenário de insatisfação generalizada com o serviço. A próxima audiência da I está marcada para quarta-feira (12), com a oitiva de dois ex-funcionários do consórcio: Clevison Gamarra de Arruda e Weslei Conrado Moreli.