As exportações brasileiras de frango e ovos enfrentam um revés significativo após Uruguai, México e Chile anunciarem, neste sábado (17), a suspensão das importações. A decisão segue a confirmação de um foco de gripe aviária em uma granja em Montenegro (RS), a cerca de 60 km de Porto Alegre.
Com isso, esses três países se juntam à Argentina, União Europeia e China, que já haviam embargado as compras de frango brasileiro na sexta-feira (16). Juntos, os seis mercados representaram US$ 2,8 bilhões em exportações do setor neste ano.
O embargo mexicano e chileno inclui também ovos férteis, usados na produção de pintinhos, enquanto o Uruguai veta a importação de ovos em geral. Ainda não há prazo definido para o restabelecimento do comércio com essas nações.
A medida ocorre após a confirmação do primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial brasileira, retirando do país o status de grande produtor livre da doença. Cerca de 17 mil aves morreram no local, entre vítimas do vírus H5N1 e animais abatidos preventivamente.
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) informou que os ovos para incubação distribuídos pela granja foram localizados em Minas Gerais, Paraná e no próprio Rio Grande do Sul. Todos os lotes estão sendo destruídos.
O governo mineiro confirmou o descarte de 450 toneladas de ovos fecundados oriundos da granja contaminada. Em nota, a gestão estadual destacou que a medida busca manter o controle sanitário e a capacidade produtiva local.
Os países que impam o embargo respondem por 28% das exportações brasileiras de frango e ovos em 2024. A China lidera a lista, com US$ 1,2 bilhão em compras 13% do total exportado no ano.
Logo após os chineses, os principais compradores são União Europeia (7%), México (6%), Chile (3%), Argentina (0,3%) e Uruguai (0,2%). O impacto, portanto, é expressivo na balança comercial do setor.
A Argentina anunciou que manterá a suspensão até que o Brasil recupere o status sanitário. O governo argentino também ordenou o reforço das medidas de biossegurança nas granjas do país.
Além de Montenegro, há outro foco da doença confirmado em Sapucaia do Sul, onde aves silvestres morreram em um zoológico interditado. Ao menos 90 cisnes e patos foram vítimas do vírus.
Apesar da situação, outros mercados como Japão, Emirados Árabes, Arábia Saudita e Filipinas aplicaram embargos apenas regionais. Isso permite que produtos de outras áreas do país sigam sendo exportados normalmente.
Segundo especialistas, a variante H5N1 é altamente letal entre aves, com propagação rápida especialmente em ambientes como granjas. O consumo de carne e ovos, no entanto, continua sendo considerado seguro.
Embora rara, a transmissão para humanos pode ocorrer por meio de contato direto com animais vivos infectados ou ambientes contaminados. Casos assim já foram registrados em outros países.
O governo brasileiro decretou emergência zoossanitária em Montenegro por 60 dias e continua o rastreamento da cadeia produtiva afetada. O objetivo é conter o avanço do vírus e preservar a credibilidade do setor.
O alerta agora se volta para o risco de a doença sair do controle, como ocorreu nos Estados Unidos. Lá, o surto provocou o abate de milhões de aves e afetou até rebanhos bovinos, elevando os preços de ovos e derivados.