Mesmo com avanços na educação infantil e no ensino fundamental, o Brasil ainda enfrenta grandes desafios para garantir que os jovens permaneçam na escola. É o que mostra a mais recente pesquisa da PNAD Contínua, divulgada pelo IBGE com dados de 2024. A íntegra.
Cerca de 93,4% dos adolescentes entre 15 e 17 anos estavam frequentando a escola. Apesar de ser um número alto, ele ainda está abaixo do que determina a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), que prevê a universalização do o até os 17 anos.
Entre os jovens de 14 a 29 anos, 8,7 milhões não haviam terminado o ensino médio em 2024. A maioria são homens pretos ou pardos, que abandonaram os estudos principalmente por causa do trabalho ou da falta de interesse. Entre as mulheres, a gravidez e os afazeres domésticos também aparecem como razões frequentes.
Nas idades mais novas, a situação é melhor. A taxa de escolarização entre crianças de 6 a 14 anos está em 99,5%, o que mostra quase total o à escola. Para as crianças de 4 a 5 anos, a taxa chegou a 93,4%. Já entre os bebês e crianças de até 3 anos, o índice ainda é baixo: apenas 39,8% estão matriculados.
O o à creche é especialmente difícil no Norte e Nordeste do país. Nessas regiões, muitas famílias relatam falta de vagas ou ausência de escolas na localidade. No Nordeste, por exemplo, 42,2% das crianças de 2 a 3 anos ficaram fora da creche por esses motivos.
Outro dado que chama atenção é a defasagem no ensino médio. Apenas 76,7% dos jovens de 15 a 17 anos estavam cursando ou haviam terminado essa etapa, quando o ideal seria pelo menos 85%, segundo o Plano Nacional de Educação (PNE). Essa meta deveria ser alcançada em 2024, mas ainda não foi atingida.
A desigualdade racial também aparece com força nos dados. Entre os jovens de 18 a 24 anos, apenas 27,1% dos pretos ou pardos estudam, e somente 20,6% estão no nível adequado, que seria o ensino superior. Entre os brancos, os percentuais são bem maiores.
A pesquisa também mostra que 18,5% dos jovens de 15 a 29 anos não estudam, não trabalham e nem estão em cursos de qualificação. A maioria dessas pessoas são mulheres, pretos ou pardos. O número, embora menor que em anos anteriores, ainda é alto.
Apesar das dificuldades, o número de estudantes em cursos técnicos cresceu 28,8% entre 2019 e 2024. Também aumentou o total de pessoas que fizeram cursos de qualificação profissional. Isso mostra que muitos jovens estão buscando caminhos alternativos para entrar no mercado de trabalho.
Por fim, a pesquisa destaca que mais de 70% das pessoas que chegaram ao ensino superior vieram da rede pública. Mesmo com todos os obstáculos, esse dado aponta que a escola pública tem papel importante na formação de profissionais no Brasil.
Os números revelam avanços, mas também apontam desigualdades profundas. Combater o abandono escolar, ampliar o o à creche e garantir políticas específicas para mulheres, pretos e pardos são ações urgentes para mudar esse cenário.